quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma possível definição de religião

Quando o ser humano cultiva a dimensão interior e percebe a realidade transcendente, na alma, ele quer ser-mais, quer adentrar o mistério do universo suscitado por perguntas sobre a existência. Admite a realidade transcendente de uma instância superior.
A religião está assentada na autotranscendência, que é o movimento que o homem ultrapassa sistematicamente a si mesmo, tudo o que é, tudo o que adquiriu, tudo o que pensa, quer e realiza. Tem consciência do infinito, do cosmos e de sua finitude, por isso quer re-ligar ou re-ler esta realidade, partindo de uma Realidade Primeira, a qual chamamos Deus ou deuses (monoteísta, politeísta ou panteísta ou mais de um), sejam eles quem for: Brahman, Alá, o Deus trino cristão, Zeus, Adonai – IWHW, Tupã (Guarani), Tao (Taoísmo), Amaterasu (a mais importante deusa japonesa), Orixás (Candomblé).
Uma das funções da religião é re-ligare, estabelecer ou exprimir nossa relação com Deus. Outra é re-legere, para essa segunda acepção temos que saber que religião é um ato de fé e consequentemente um ato da inteligência que desdobramos em: intus-legere (ler por dentro) e inte-legere (ler dentro). Intus-legere exprime a necessidade de compreender o fato religioso nas suas nuances mais profundas; o comportamento e sentimento religiosos, as formas de expressão do ser religioso. Dá-se um crédito para avaliar o conteúdo de determinada religião para averiguar se pode fazer parte dessa realidade. E inte-legere que é a vivência da fé dentro da religião na busca da realização pessoal, e uma confissão de fé que responde às suas questões existenciais mais profundas, satisfatoriamente. Ao crer ou dar um crédito à determinada religião, a pessoa não está isenta de dúvida, pois tudo na vida não é uma certeza. O inte-legere e intus-legere traduzem a sistemática da religião. Primeiramente, a pessoa dá um crédito de confiança; depois; experimenta e reconhece, ou não, que há sentido esta religião para sua vida. Ao experimentar, compreende-se, ao compreender professa-se essa fé na religião escolhida. Por esse caminho, chega-se à realização pessoal, pois toda religião busca esta realização na Realidade Primeira.
Vem a baila o questionamento sobre a existência de Deus e a liberdade humana. Se a religião não promove a realização pessoal é porque a liberdade está comprometida. Partindo do estado de consciência (consciência de si num determinado tempo e espaço) num nível elevado, a pessoa adere somente àquilo que lhe faz sentido e traz benefícios para o crescimento pessoal, reelabora o conteúdo religioso (subjetividade) para não ser dominada por fundamentalismos. A religião em si é boa, mas nem sempre promove o ser-mais; ser-para-si, ser-para-o-outro, ser-para-Deus e ser-para-o-mundo.
Prof. Esp. Eliseu Santos Lima

A palavra filosofia

“A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos” (CHAUÍ; 2003, p. 17).

Pitágoras dizia que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (a festa mais importante da Grécia). Aqueles que iam para comerciar seus produtos, os que iam para competir e os que iam para contemplar, avaliar e julgar o valor daqueles que ali se apresentavam.
Ora, Pitágoras queria dizer que aqueles que iam apenas por interesses comerciais, os segundos iam pelo desejo de competir e os últimos eram movidos pelo desejo de contemplar, julgar e avaliar; em resumo, pelo desejo de saber, estes seriam como filósofos. Pitágoras também queria dizer que o filósofo não é movido por uma atividade interesseira como o comércio, nem pelo desejo de competir.

Pitágoras, numa aula de geometria, em que fazia a demonstração de um teorema, indicou um caminho (método). Ele disse que se devia fazer filosofia do mesmo modo que se fazia geometria, com demonstrações rigorosas e que apresentasse lógica e coerência na argumentação.
Prof. Esp. Eliseu Santos Lima

Demócrito de Abdera – Escola atomista (460-370)

Demócrito nasceu provavelmente em 460 a.C. e morreu em 370 a.C., mas há muita incerteza com relação a estas datas. Foi o mais viajado dos filósofos pré-socráticos, tendo visitado a Babilônia, o Egito e, segundo alguns autores, a Índia e a Etiópia. Depois, esteve também em Atenas. Discípulo de Leucipo e chefe da escola, escreveu numerosas obras, embora não haja certeza de serem todas de sua autoria, mas todas se perderam.

Os atomistas são os últimos pré-socráticos. Chegam a ser contemporâneos de Sócrates, mas continuam na tradição que se preocupa com a physis (natureza) e, sobretudo, na linha da filosofia eleática. Os dois principais atomistas foram Leucipo e Demócrito, sendo que nada se sabe de especial com relação à Leucipo, apenas que foi o precursor da teoria atomista.

Tudo o que existe é constituído de átomos que são partículas indivisíveis e invisíveis, eternas e imutáveis; não têm qualidades, exceto a impenetrabilidade; diferem entre si apenas pela figura e pela dimensão.

Existe apenas o átomo e o vazio. Todos os átomos, sendo corpos minúsculos, não possuem qualidades sensíveis, e o vazio é o espaço que tais corpúsculos se movimentam para cima e para baixo eternamente ou se entrelaçando de diversas maneiras, ou se chocando e ricocheteando, de modo a irem se desagregando e agregando em tais compostos; e, desta forma, produzem todas as maiores agregações e os nossos corpos e as maiores afeições.

Nenhum átomo pode aquecer-se ou resfriar-se, ressecar-se ou umedecer-se, tornar-se branco ou preto ou receber outras qualidades por qualquer modificação que se queira.

A terra é constituída por átomos mais volumosos, os quais, no turbilhão do movimento, se reuniram no centro do universo, constituindo a massa homogênea que chamamos Terra.

A alma humana é formada por átomos leves e sutis, os quais são ígneos, isto é, semelhantes aos que constituem o fogo.

Também os deuses são feitos de átomos. A sua superioridade é devida a uma constituição atômica mais perfeita e a uma duração mais longa. Mas nem os deuses são imortais. Isto porque tudo –deuses, homens, coisas- está sob a fatalidade do movimento que associa ou dissocia os átomos.

O conhecimento é descrito por Demócrito como uma captação, por parte dos órgãos sensitivos, dos átomos irradiados pelos corpos. A diversidade da sensação depende das formas diferentes dos átomos. O doce, por exemplo, é causado “por átomos redondos e de tamanho razoável”, o azedo “por átomos agudos e angulosos”, etc.

Com esta doutrina aparece pela primeira vez na cena da história da filosofia uma teoria de capital importância, a qual ensina que qualidades como odor, sabor, cor, etc,. não são objetivas, mas subjetivas. Assim, por exemplo, a cera, em si mesma, não é nem doce nem amarga, nem branca nem amarela; essas qualidades são decorrentes do encontro dos átomos da cera, em suas características quantitativas, com o sentido do gosto e da vista do homem. Isto explica, segundo Demócrito, por que a mesma coisa seja doce para uns e amarga para outros, branca para estes e amarela para aqueles: depende dos órgãos dos sentidos de cada um.

Demócrito foi o primeiro a dar atenção à origem da linguagem. Eis sua explicação: “No começo os homens emitiam sons não articulados e destituídos de significado; mais tarde, aos poucos, começaram a articular palavras e estabeleceram entre eles expressões convencionais para designarem os objetos e assim criaram a linguagem”.

Quanto à moral, Demócrito não coloca a felicidade no prazer dos sentidos, mas na harmonia da razão e na paz da alma (tanquilitas animi). Se se ouvirem com entendimento estas minhas sentenças, muitas ações dignas de um homem excelente serão praticadas e muitas más ações serão evitadas (é o fragmento).


Alguns fragmentos de Demócrito:

-Escolher os bens da alma é escolher os bens divinos; contentar-se com os bens do corpo é contentar-se com os bens humanos.

-Prazeres intempestivos provocam desgosto.

-Desejar violentamente uma coisa, é tornar-se cego para as demais.

-Para todos os homens, o bem e o verdadeiro são o mesmo; o agradável é uma coisa para uns e outra para outros.

-Quem a ninguém ama, a meu ver, por ninguém é amado.

-Ser dominado por uma mulher é, para um homem, a mais extrema ofensa.

-Força e beleza são os bens da juventude; a prudência é a flor da velhice.

-O ancião já foi jovem, e o jovem não sabe se chegará a ser ancião. Um bem realizado é melhor que um bem futuro e duvidoso.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Epoché – a arte de suspender o juízo

Descartes localizava a origem do erro em duas atitudes, que chamou de atitudes infantis ou preconceitos da infância:
A primeira é a prevenção, que é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar por opiniões e ideias alheias, sem se preocupar em verificar se elas são ou não verdadeiras. Sabe-se que o conhecimento de fé proporciona a uma pessoa acrítica assimilar informações e crenças que deveriam ser questionadas, pois todo consentimento deveria passar pelo crivo da crítica racional.
Todo questionamento é bem-vindo, pois é questionando que esclarecemos vários assuntos e procuramos que as pessoas tenham ideias claras sobre a realidade. Mas como posso saber se as informações recebidas são tendenciosas e/ou ideológicas que interfira na minha vida ou que a mude totalmente? Senso crítico e conhecimento são fundamentais para a autonomia do pensar e arrefecer qualquer forma de influência que nos separe do objeto do conhecimento.
A segunda é a precipitação que é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas ideias são ou não verdadeiras. Nós, seres volitivos, devemos pensar antes de falar, exprimir, avaliar ou refutar ideias alheias. Um dado importante que pude constatar no município de Barra Velha foi a volitividade em oposição à criticidade. É preocupante o fato de pessoas dentro de uma sala de aula apresentar aquilo que chamamos de “estopim curto”, ao invés de pensarem, “estouram”, principalmente se o assunto for polêmico, e o agravante são os pré-julgamentos oriundos do senso comum.
Não podemos viver num mundo acrítico, sem reflexão por preguiça mental, e, em vez do povo enfrentar os problemas com coragem e propor respostas satisfatórias percebe-se ausência de participação de sujeitos que poderiam ser transformadores da realidade social e até levar outras pessoas a serem também cidadãos ativos na sociedade. Para ser um sujeito crítico da sociedade deve-se libertar de ideologias, da “autoridade” de algumas pessoas e realizar a epoché: antes de emitir um juízo de valor, pensar. Antes de pensar siga os princípios racionais e se passa pelo crivo das três peneiras: verdade, bondade e necessidade. Senão, suspenda o juízo e não abra a boca.
Foi pensando nessas e noutras questões que me motivou escrever este artigo e espero que as reações visem críticas fundamentadas em teorias que sustentem a argumentação. Para superar essa situação proponho a discussão dialética para se elaborar juízos sobre o que se pensa, em vez de pré-julgamentos ou alienação dos sujeitos cognoscentes que não apreendem o objeto de forma reflexiva, clara e objetiva.


Prof. Esp. Eliseu Santos Lima

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quanto mais velho, mais sábio, ou, quanto mais sábio, mais velho?

A sabedoria é construída ao longo do tempo, alguns alcançam logo, outros no fim da vida e outros nem sabem o que é isso, muito menos desfrutam disso.

Eu diria que alguns espíritos nasceram desafortunados, outros foram feitos e outros se fizeram desafortunados.

Algumas pessoas nasceram num meio que não estimula a percepção do sentido da vida através da experiência cotidiana analisada introspectivamente. Vivem tão atarefados que, quando há tempo para o ócio, buscam preenchê-lo com alguma futilidade e logo aparece o vazio existencial que chega arrombando a razão e emerge o sentimento de inquietude, de insatisfação.

Buscam-se respostas em frases de livro de auto-ajuda, mas o conforto é momentâneo. Ainda há uma solução, a religião. A religião proporciona paz interior, desde que a pessoa exerça sua autonomia iluminada pela divindade, porém as pessoas alienam-se na religião e passam a fazer tudo o que a autoridade religiosa recomenda, e o exercício da autonomia esfumaça-se ao vento da bandeira de Deus.

Por que tanto sofrimento se a vida é tão simples?

Simples? Nada disso. Como posso deixar um segundo sequer vago do meu tempo ao ócio? O silencio é sufocante.

Por que introspecção se eu posso usar meu MP... para estar em harmonia? Pena que a música nem sempre é instrutiva!

Algumas pessoas nunca exerceram sua autonomia, pois parece cômodo obedecer às ordens e regras impostas, seja por um superior, seja pela sociedade.

Não é necessário romper regras, nem conformar-se a todas elas. Devo ser autônomo ao deliberar. Deliberação indica o que devo e o que não devo seguir, bem como agir na hora certa.

Algumas pessoas vivem num meio tão inóspito para deliberar que nem se ousa questionar os valores e conhecimentos transmitidos, muito menos questionar-se. A confiança numa determinada pessoa ou instituição pode ser tão forte que a proximidade ao fanatismo é sensível a outros olhares.

O assunto é tão vasto e a reflexão profunda. Concluo com um aforismo de Baltasar Gracián, de sua obra “A Arte da Prudência”:

A arte de viver muito.

Viver bem. Duas coisas antecipam o fim da vida: ignorância e maldade. Alguns perdem a vida por não saber como salvá-la; outros, por não querer saber. Assim como a virtude é sua própria recompensa, o vício é seu próprio castigo. Aquele que vive uma vida de vícios encontra um fim duas vezes mais rápido. O que vive na virtude nunca morre. A integridade da mente se comunica com o corpo. Uma boa vida é plena tanto em intensidade quanto na extensão1.”

Não esqueça que a sabedoria não ocupa espaço, mas é construída ao longo do tempo e vivida por quem encontrou a paz interior na luz do Ser Essencial.


Professor Eliseu Santos Lima

1 Grifo nosso


terça-feira, 28 de julho de 2009

Festinha do Dia 17/07/2009 de manhã

Festinha do Dia 17/07/2009 a tarde na EEB David Pedro Espíndola. Em comemoração do início das férias da metade do ano.
Fotos abaixo:

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Festinha do Dia 17/07/2009 a tarde

Festinha do Dia 17/07/2009 a tarde na EEB David Pedro Espíndola. Em comemoração do início das férias da metade do ano.
Fotos e Vídeos abaixo: